sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O socialismo e a mentalidade assistencialista destroem a moral e tornam as pessoas egoístas por Dennis Prager


No mundo contemporâneo, é dado como um fato consumado que o capitalismo de livre de mercado, com a sua concorrência entre produtores e a busca pelo lucro, se baseia no egoísmo e gera egoísmo.  Já o socialismo, e todo o suposto assistencialismo que ele gera, seria baseado na abnegação e na bondade, produzindo ainda mais abnegação e bondade.
A verdade é que a realidade é exatamente oposta.
Quaisquer que sejam suas autoproclamadas intenções, o socialismo — e todo o seu assistencialismo — produz indivíduos mais egoístas e uma sociedade muito mais egocêntrica do que uma economia de livre mercado jamais seria capaz de fazê-lo. 
Pior: tão logo esse egocentrismo se torna difuso, é praticamente impossível revertê-lo.
E essa corrupção da mente ocorre em todos os países, independentemente de sua renda.
Eis um exemplo: em 2010, o presidente dos EUA, Barack Obama, fez um discurso para uma enorme platéia formada por universitários.  Em um momento do seu discurso, ele anunciou que, após o governo ter adotado algumas medidas coercivas, as pessoas jovens agora poderiam permanecer usuárias dos planos de saúde dos pais até os 26 anos de idade.
Em toda a minha vida, não me lembro de já ter ouvido aplausos mais estrondosos e prolongados do que aqueles que ouvi naquele dia.  Houvesse o presidente anunciado a descoberta da cura do câncer, é altamente duvidoso que os aplausos teriam sido tão ruidosos ou prolongados quanto.
Mas, afinal, por que esses jovens estavam tão felizes?  O governo lhes dizer que agora podem permanecer dependentes de seus pais até os 26 anos de idade é algo que deveria ser visto por um jovem como totalmente humilhante e aviltante.  No entanto, a mentalidade assistencialista faz com que essa degradação seja vista como algo libertador.
Ao longo da história ocidental, o grande objetivo dos jovens sempre foi o de se tornar adultos maduros e independentes — começando pela independência em relação aos pais.  O socialismo e o assistencialismo estatal, no entanto, destroem essa aspiração.
Em vários países europeus já é cada vez mais comum jovens morarem com seus pais até depois dos 30 anos de idade.  Com alguma frequência, até os 40 anos.  E por que não?  Sob um estado assistencialista, a pessoa cuidar de si própria e assumir responsabilidade pelo próprio sustento não mais é uma virtude.
E por que é assim?  Porque o governo está cuidando de você.
Portanto, o socialismo possibilita — e, como resultado, produz — pessoas cujas preocupações se tornam cada vez mais egocêntricas:
# Quantos e quais benefícios irei receber do governo?
# O governo pagará por minha educação?
# O governo pagará por minha saúde?
# O governo cuidará de mim caso eu não queira trabalhar?
# Qual é o mais cedo em que posso aposentar?
# O governo cuidará de mim em minha velhice?
# A quantas férias pagas tenho direito?
# Se eu for demitido, quanto meu ex-patrão terá de me pagar para me prover conforto?
# Quantos dias posso faltar ao meu trabalho sem receber desconto no salário?
# Quantas semanas de licença maternidade ou licença paternidade pagas tenho o direito de ter?
E, assim, cada benefício social se torna um "direito adquirido".
Mas ainda não terminou.  Há efeitos ainda mais devastadores do socialismo.
A sensação de se ter "direitos adquiridos" cria cidadãos sem aquele traço característico que todo e qualquer ser humano deveria ter: a gratidão.
É impossível ser feliz sem ser grato, e é impossível ser uma boa pessoa se você não tem gratidão.  É por isso que constantemente falamos para nossos filhos: "Diga 'obrigado'!"
Mas o socialismo e a mentalidade assistencialista destroem isso.  Afinal, por que uma pessoa seria grata por receber um benefício social?  Quem seria grato por receber "aquilo a que tem direito"?
Portanto, em vez de dizer "obrigado" aos pagadores de impostos que lhe provêem benesses, o cidadão de um estado assistencialista é ensinado a dizer: "O que mais tenho o direito de receber?  Quero mais, mais e mais!".
E, ainda assim, a esquerda insiste que é o capitalismo e o livre mercado, e não o socialismo, que produz pessoas egoístas.
A verdade é que o capitalismo e o livre mercado não apenas produzem pessoas muito menos egocêntricas, como ainda geram pessoas muito mais preocupadas em agradar aos outros. 
O capitalismo de livre mercado requer ações e interações voluntárias entre os indivíduos.  No livre mercado, não há coerção e ninguém é obrigado a sustentar terceiros.  Não há subsídios, não há tarifas protecionistas, ninguém é impedido de empreender livremente, e não há barreiras governamentais à entrada de concorrentes em qualquer setor do mercado (como ocorre em setores regulados por agências reguladoras).
Em um livre mercado, se eu quero algo de você, então eu tenho de fazer algo por você.
Consequentemente, como explicado neste artigo:
Um dos mais belos aspectos de uma economia de mercado é que ela é capaz de domar as pessoas mais egoístas, ambiciosas e talentosas da sociedade, fazendo com que seja do interesse financeiro delas se preocuparem dia e noite com novas maneiras de agradar terceiros. Empreendedores conduzem a economia de mercado, mas a concorrência entre empreendedores é o que os mantém honestos.
Ensinar as pessoas a trabalhar, a gerar valor, a satisfazer os desejos e as necessidades de terceiros, e, principalmente, a assumir responsabilidade pela própria vida.  Acima de tudo: ensinar que elas devem produzir para ganhar algo em troca. 
Isso gera pessoas menos egocêntricas, e não mais egocêntricas.
O capitalismo e o livre mercado ensinam as pessoas a trabalhar mais, a produzir mais e a gerar mais valor; o socialismo e a mentalidade assistencialista ensinam as pessoas a exigir cada vez mais benesses e a terceirizar o comando de suas vidas para o estado. 
Qual atitude você acredita que gera uma sociedade melhor?


fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2471

Dennis Prager é autor de livros, colunista de jornais, apresentador de talk show e conferencista.  Criou a Prager University, um centro de educação online voltado para a difusão de idéias pró-liberdade e pró-livre iniciativa.

O registro histórico da introdução da doença vassoura-de-bruxa nas plantações de cacau da Bahia. Um filme de Dilson Araújo

O registro histórico da introdução da doença vassoura-de-bruxa nas plantações de cacau da Bahia. Um filme de Dilson Araújo



O socialismo venezuelano: pessoas comendo cachorros, saqueando supermercados e morrendo de inanição

Jamais menospreze a capacidade destruidora do socialismo: a Venezuela, ainda na década de 1970, estava entre os 20 países mais ricos do mundo.  Bastou pouco mais de uma década de bolivarianismo para jogar a população do país na mais completa mendicância. Tudo começou quando, em sua fome por poder, o falecido Hugo Chávez prometeu redistribuir a riqueza do país para os mais pobres (sempre começa assim).  O pai do "socialismo do século XXI", ao que tudo indica, desconhecia a máxima econômica de que, para que os recursos possam ser redistribuídos para as massas, eles têm antes de ser produzidos.
E impedir a produção é exatamente aquilo que o socialismo faz.
A situação começou realmente a degringolar com a destruição da moeda.  Quando a moeda perde seu valor, toda a economia se deteriora.  Sendo a moeda a metade de toda e qualquer transação econômica, se ela deixa de funcionar, você retorna a um estado de escambo.  Ninguém aceita abrir mão de bens — principalmente alimentos e outros produtos essenciais — em troca de uma moeda sem poder de compra nenhum.  Escassez e desabastecimentos se tornam a consequência inevitável.
Uma moeda em contínuo enfraquecimento — que nenhum venezuelano quer portar e que nenhum estrangeiro está disposto a aceitar em troca de dólares (o que inviabiliza importações até mesmo a de produtos básicos e essenciais, como remédios) — e um controle total de preços decretado pelo governo levaram a uma escassez generalizada de bens essenciais na economia.
Um país tem de ou produzir o que consome ou importar.  A produção doméstica praticamente acabou e nenhum estrangeiro aceita trocar dólares por bolívares venezuelanos, o que significa que praticamente não há importações.
Após 15 anos de revolução bolivariana, a Venezuela está mergulhada na maior crise econômica da sua história.  O paraíso socialista criado por Hugo Chávez e aperfeiçoado por seu sucessor Nicolás Maduro vem quebrando paradigmas e alcançando façanhas: já conseguiu gerar escassez e racionamento de papel higiênico, comida, remédioscervejaeletricidade e até mesmo água.
O país está em hiperinflação.  Organismos internacionais, em uma projeção conservadora, estimam uma inflação de preços de 720% para este ano.
E as consequências não estão sendo bonitas.
Saques, mortes, e cachorros como alimentos
Não é nenhum exagero dizer que a situação da Venezuela já alcançou um ponto sem retorno.  O caos se tornou irreversível.
Eis uma foto de Caracas na sexta-feira passada:

De um lado, a polícia.  De outro, cidadãos venezuelanos protestando pelo fato de seus filhos estarem morrendo por falta de comida e remédios, e por não terem água e nem eletricidade. 
Ainda no início de 2015, toda a distribuição de alimentos na Venezuela foi colocada sob supervisão militar.  Em seguida, o governo impôs um sistema de checagem de digitais para se certificar de que a mesma pessoa não esteja comprando itens básicos mais de uma vez na mesma semana.   Em seguida, filas nos supermercados se tornaram rotinas. Os venezuelanos passaram a ter de pedir permissão para faltar ao trabalho e assim poder ficar o dia inteiro em longas filas nas portas dos poucos supermercados que ainda tinham produtos à venda.
Isso inevitavelmente os empurrou para o mercado negro.  A situação ficou tão escabrosa que os traficantes de drogas abriram mão de seu ofício em tempo integral e passaram a se especializar no mercado paralelo de alimentos.
Agora, a escassez e a fome chegaram a tal ponto, que os venezuelanos estão caçando cachorros, gatos e até mesmo pombos para poder comê-los.
Segundo o PanAm Post:

Ramón Muchacho, prefeito de Chacao (uma subdivisão administrativa de Caracas), disse que as ruas da capital venezuelana estão repletas de pessoas matando animais para comê-los.
Em seu Twitter, Muchacho relatou que, na Venezuela, é uma "realidade dolorosa" o fato de que pessoas estão "caçando gatos, cachorros e pombos" para aliviar sua fome.  As pessoas também estão catando restos de vegetais das lixeiras e do chão para se alimentar. [...]
Seis oficiais das forças armadas da Venezuela foram presos por roubarem bodes para matar a fome, uma vez que não havia mais comida em seus quartéis.
À medida que o desespero vai se intensificando, a criminalidade se torna inevitável.
De acordo com o jornal britânico The Daily Mail, um homem acusado de tentar assaltar as pessoas nas ruas de Caracas foi cercado por uma turba de cidadãos igualmente desesperados, espancado e queimado vivo.

O primeiro vídeo abaixo (cenas fortíssimas) mostra o homem sendo espancado.  Já o segundo vídeo o mostra sendo queimado vivo. (Desnecessário enfatizar que as cenas são fortíssimas; veja apenas se seu estômago for bem treinado).



http://www.dailymail.co.uk/video/news/video-1233642/Shocking-footage-shows-mob-viciously-attack-suspected-robbers.html


Também na semana passada, o país vivenciou uma nova onda de saques que resultou em pelo menos dois mortos, inúmeros feridos, e milhões de dólares em perdas e danos. 

Na manhã de quarta-feira, 5 mil pessoas saquearam um supermercado na cidade de Maracay, uma das mais ricas do país.  De acordo com o relato dos comerciantes, as intermináveis filas a que os venezuelanos são submetidos diariamente apenas para comprar itens básicos não puderam ser organizadas naquele dia.  À medida que o tempo ia se passando, os cidadãos desesperados foram ficando cada vez mais ansiosos e temerosos de não conseguirem comprar comida.  E então eles simplesmente começaram a pular os cercados e invadiram o supermercado.



"Não há arroz, nem macarrão e nem farinha", disse o venezuelano Glerimar Yohan. "Há apenas fome".
Ano passado, em uma situação incrivelmente similar, houve um tumulto em um supermercado estatal do país (que havia anunciado a venda de comida subsidiada) no qual milhares de pessoas entraram em conflito com a Guarda Nacional, que utilizou gás lacrimogêneo para dispersar a população.  Uma idosa de 80 anos foi pisoteada até a morte. E 75 pessoas ficaram feridas.
Um pouco diferente do prometido paraíso socialista, no qual haveria fartura para todos, o vídeo abaixo mostra pessoas quase saindo no braço para conseguir um simples pacote de arroz.




Ao longo das duas últimas semanas, várias províncias do país testemunharam saques a farmácias, shoppings, supermercados e caminhões que transportavam alimentos.  Em vários supermercados, gritos de "estamos com fome!" ecoavam.  No dia 27 de abril, a Camara Venezolana de la Industria de Alimentos (Cavidea) relatou que os produtores de alimentos do país tinham estoques para apenas mais 15 dias.




Na Venezuela, quando a ração se torna ainda mais escassa é assim que os supermercados terminam o dia
Com uma moeda morta, com um sistema de preços completamente desorganizado, e com tudo sob estrito controle estatal, a única coisa que resta é assistirmos a essa sociedade implodir.  Oscar Meza, diretor do Instituto Cendas (Centro de Documentacion e Análisis Social), disse que os índices de escassez e de inflação para maio serão os piores da história.  "Estamos oficialmente declarando maio como o mês em que a inanição geral começou na Venezuela", disse ele ao portal Web Noticias Venezuela.

  "Estamos oficialmente declarando maio como o mês em que a inanição geral começou na Venezuela" disse uma ONG que mensura inflação e escassez


A Venezuela e o lápis
Talvez a maior estupidez promovida pelo socialismo é a ideia de que, ao impor controle de preços e ao proibir o lucro, o governo conseguirá fazer com que os alimentos se tornem mais abundantes e mais baratos.  A privação dos venezuelanos gerada pela escassez de comida é exatamente a consequência do controle de preços imposto pelo governo, o qual gera apenas desabastecimento e fome.
A inanição é apenas um sintoma de um colapso econômico mais amplo, que perpassa toda a cadeia de produção, e que foi gerado por decretos do governo.
Em 1958, o legendário libertário Leonard Read escreveu o ensaio Eu, o Lápis, no qual, ao explicar como um simples lápis é fabricado, utilizando componentes oriundos de diversas partes do mundo e fabricado por pessoas visando ao lucro, ele demonstrou o poder da liberdade econômica.  Um lápis é criado por meio das decisões voluntárias de milhares de indivíduos, operando livremente e de acordo com seu interesse próprio.  E, ainda assim, todos agem em perfeita e coordenada harmonia. 
Praticamente todas as ações descritas na criação do lápis são ilegais, não-lucrativas e pessoalmente perigosas na Venezuela de hoje.
Veja o que aconteceu com todo o sistema de transporte.  De um lado, os trabalhadores precisam se locomover até seu local do trabalho.  De outro, as peças e os componentes têm de ser entregues às fábricas.  Os estoques têm de ser vendidos para o varejo.  E os tratores têm de arar os campos.  Mas tudo isso foi abolido na Venezuela.
O fabricante de baterias de carro em Caracas não consegue importar seus componentes, e o controle de preços imposto pelo governo o proíbe de ter lucros.  Para trocarem a bateria de seus carros, os consumidores têm de fazer fila na porta das fábricas — as quais, para cortar custos, não mais estão utilizando o varejo para distribuir seus bens — desde o início da madrugada.  Só que, além de serem necessários vários dias para se completar a transação, a bateria antiga do carro tem de ser dada em troca.  Isso significa que, se ela houver sido roubada — algo bastante corriqueiro na Venezuela —, o cliente tem de apresentar um certificado especial de uma delegacia de polícia, comprovando o roubo.
Uma mulher estava aos prantos às portas de uma fábrica.  Ela já havia perdido vários dias de trabalho esperando na fila.  Quando finalmente foi atendida, recebeu a notícia de que o certificado que ela apresentou para comprovar que sua bateria havia sido roubada não tinha validade.
Mas não são apenas baterias de carro que estão escassez.  Gangues estão invadindo fazendas e armazéns e desmontando completamente tratores e demais equipamentos agrícolas, os quais são vendidos a preços altíssimos no mercado negro exatamente porque se tornaram escassos.  Essa é apenas mais uma dor de cabeça para os agricultores.
Chávez, com sua reforma agrária (outro mantra socialista), já havia confiscado as terras mais produtivas do país e as distribuído para os chavistas, os quais nada entendem de agricultura.  E, mesmo nas terras que não foram confiscadas, a destruição do sistema de preços e a desorganização da economia fizeram com que o plantio desabasse.  A maior parte das sementes utilizadas na Venezuela é importada.  Porém, como não há dólares, elas não mais existem.  Adicionalmente, os agricultores estão relutantes para plantar quando os custos são altos e os preços de venda, controlados.  Ninguém quer produzir em troca de uma moeda que nada vale.  A maior parte da produção é destinada ao consumo próprio.
A pecuária se tornou igualmente menos produtiva, ainda mais agora que os apagões diários estão interrompendo o funcionamento das máquinas elétricas que produzem o leite.  Os poucos caminhões que ainda circulam para distribuir alimentos são frequentemente saqueados.
A oferta de proteína sumiu.  Os ovos desapareceram das prateleiras dos supermercados.  Em outubro do ano passado, sete fábricas de conservas de atum, que empregavam 3.000 pessoas, tiveram de fechar as portas, pois não conseguiam dólares com o Banco Central para pagar os fornecedores estrangeiros que forneciam os materiais para sua produção, como peixe e latas. 
Até mesmo remédios básicos, como uma simples aspirina, sumiram.
Conclusão
Ao passo que uma guerra civil parece inevitável, Nicolás Maduro segue no comando, disposto a continuar utilizando os venezuelanos como cobaias neste seu experimento socialista (em condições quase que de laboratório).
A nós, observadores externos, resta apenas torcer para que essas cenas chocantes se mantenham relegadas às ruas dos paraísos socialistas.  E que elas sempre sirvam de lição para nos lembrar do que é o socialismo na prática.
Por fim, vale ressaltar que, ironicamente, os venezuelanos muito ricos — aqueles a quem Chávez jurou que iria esmagar — ainda têm dólares, e não estão passando fome.  Quem realmente está sofrendo ao ponto de morrer de fome são os pobres e os proletários, aqueles mesmos que os socialistas juram amar.


Mary Anastasia O'Grady é editora do The Wall Street Journal e faz a cobertura de eventos da América Latina.
Andrea Rondón García, doutora em direito pela Universidad Central de Venezuela e diretora acadêmica do Instituto Ludwig von Mises Venezuela.  É também professora da Universidad Católica Andrés Bello.
Leandro Roque, editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.


fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2410

Cerimônia de abertura das Olimpíadas: uma aula de marxismo cultural por Leandro Ruschel

 
Lindo, mas qual é a mensagem?

Geralmente a propaganda marxista é produzida de forma sutil, mas não foi o caso aqui.
O próprio diretor da cerimônia, o cineasta Fernando Meirelles foi claro: “A cerimônia de hoje terá índios, empoderamento dos negros e das mulheres, transgêneros e um alerta contra os riscos do uso de petróleo”.
E emendou: “Bolsanaro vai odiar a cerimônia. Trump também. Pelo menos nisso acertamos”.
Por trás de lindos efeitos visuais, coreografias e fogos há uma mensagem, ou uma série de mensagens. Nesse caso:
1- Os índios são fundamentalmente bons e puros, foram massacrados por brancos malvados. A tese do bom selvagem prevalece, mesmo que ela seja absurda e não leva em conta o nível de violência e atraso que existe em muitas dessas comunidades até hoje.
2- Esses mesmos brancos malvados escravizaram os negros. Não foi apresentada uma única crítica sobre a escravidão de negros por negros na África e mesmo no Brasil, onde Zumbi era um dos grandes senhores de escravos.
3- Os negros carregam a alegria, a arte, a criatividade, enfim, a capacidade da expressão e são até hoje explorados pelo sistema.
4- A pobreza é algo bom. A favelização da cidade e mesmo da cultura não deve ser combatida, deve ser festejada e incentivada.
5- A sociedade está dividida, e a paz só virá pela favelização do país.
6- O maior problema do mundo é o aquecimento global. Temos que salvar o planeta em primeiro lugar. O ser humano tem importância secundária.
                              Quem liberou os escravos? Isso não importa, responderá Meirelles.

Poderia muito bem ser um programa do PT (comunismo gramsciano), ou do PCdoB (comunismo stalinista) ou do PSOL (comunismo chavista), talvez da REDE (comunismo verde), que tem entre seus quadros o próprio Fernando Meirelles.
Por que não foram apresentado outros aspectos da história e da cultura brasileira? Por exemplo, os brancos que formam a maioria, 45,9% da população, foram praticamente ocultados da festa, tirando a apresentação da Gisele Bundchen, que reforçou a ideia do individualismo, já que ela foi apresentada sozinha no grande palco.
Não houve nenhuma menção sobre a Monarquia, que foi quem acabou com a escravidão, sobre os valores cristãos que formam a base da nossa sociedade, sobre a imigração de europeus que ajudaram a construir o país. Nada sobre o maior fenômeno sociocultural da últimas décadas, que foram os protestos de 2015 e 2016.
 A favela e a mão esquerda cerrada, símbolo máximo do movimento comunista na história.


Para os criadores da apresentação, tudo isso não existiu. O que o Brasil criou de mais importante foi funk e sua representação legítima, resumida pelo verso:
“Eu só quero é ser feliz. Andar tranquilamente. Na favela onde eu nasci. É… E poder me orgulhar. E ter a consciência que o pobre tem o seu lugar.”
Um país com esse lema tem alguma chance de dar certo?

Leandro Ruschel

Compulsive reader and amateur writer. Financial markets, politics, philosophy and business are my subjects.





fonte: https://medium.com/@leandroruschel/cerim%C3%B4nia-de-abertura-das-olimp%C3%ADadas-uma-aula-de-marxismo-cultural-1a2ca056066d#.xt2r5uihx

POLÍCIA DE SP INDICIARÁ PATRÍCIA LÉLIS POR TENTATIVA DE EXTORSÃO E FALSA COMUNICAÇÃO DE CRIME; A CASA CAIU PARA A ATRIZ DA REDE GLOBO!


As acusações de Patrícia Lelis, 22 anos, contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) vem sendo divulgadas amplamente pela imprensa desde que o caso foi revelado no dia 3 de agosto. Através da Coluna Espalanada, ela divulgou prints de conversas com o pastor e áudios que gravou com Talma Bauer, chefe de gabinete do parlamentar.

A situação vem ganhando contornos diferentes desde que ela abriu um Boletim de Ocorrência (BO) contra Bauer por tê-la ameaçado de morte e a mantido em cárcere privado em São Paulo, para onde ‘fugiu’ logo após tudo vir à tona. Na volta para Brasília, onde mora, abriu outro BO, onde também acusa Feliciano de assédio sexual e agressão.

As contradições de Lelis e a incongruência dos fatos apresentados por ela às autoridades, contudo, podem fazer com que de acusadora ela passe a ser investigada pela polícia pelos crimes de extorsão e falsa comunicação de crime.

Segundo o delegado Luís Roberto Hellmeister, do 3º DP de São Paulo, onde o primeiro BO foi lavrado, já está descartada a possibilidade de Bauer ter mantido a jovem em cárcere privado. O assessor parlamentar foi ouvido pela polícia e liberado. Ele sempre negou as acusações.

Uma terceira pessoa, Emerson Biazon, citada por Patrícia nas declarações à polícia e à imprensa, também foi chamado para depor. Ele forneceu às autoridades um tablet que continham gravações feitas por ele. São vídeos onde ele aparece negociando tanto com a estudante quando com o assessor uma quantia em dinheiro que serviriam para comprar o silêncio de Lelis.

Está em poder da Polícia Civil de São Paulo a quantia de 20 mil reais, apreendida com Emerson, que ele nega ser dele. O dinheiro seria uma parcela do dinheiro pedido por Patrícia para não denunciar Feliciano, o que, se for verdade, caracterizaria o crime de extorsão.

Num dos vídeos divulgados pelo jornal O Estado de São Paulo, os três investigados aparecem conversando sobre um pagamento de R$ 50 mil à jovem que foi intermediado por uma outra pessoa, Artur Mangabeira, que tem seu nome citado, mas não estava no local.

Ele seria namorado de uma amiga da jovem, que Lélis só conhecia pela internet. Mangabeira teria afirmado ser agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), algo que posteriormente comprovou-se não ser verdade.

No diálogo, Bauer diz ter entregue R$ 50 mil a Artur, que repassou apenas 10 mil para Patrícia.

No vídeo divulgado, Patrícia se mostra indignada e pede: “Bauer, me promete que você vai fazer alguma coisa com ele”. Ela insinua que o assessor, um policial aposentado, poderia executar o intermediário que a prejudicou. A resposta do chefe de gabinete é: “Eu não vou matar ele, mas eu dou um nó nele, alguma coisa eu faço”.

Na interpretação da polícia, está claro que a estudante pediu o dinheiro. “Tem interesse dos dois, mas na gravação ela pede dinheiro”, afirmou o delegado Hellmeister. Ele descarta as acusações de Lélis dando conta que foi mantida refém em um hotel e forçada a gravar vídeos negando que Feliciano tenha tentado violentá-la.

O delegado diz ainda que imagens das câmaras do Hotel San Rafael, no centro de São Paulo, mostram Bauer, abraçando a jornalista no saguão. Outro vídeo mostra a jovem recebendo o namorado. Após analisar essas imagens e áudios , o delegado é categórico: “Ela passa a ser investigada. Ela mentiu para burro aqui”.

Segundo o policial, há comprovação que nas datas que dizia estar sob sequestra, Patrícia foi ao shopping fazer maquiagem e compras. Também esteve na Avenida Paulista passeando com o namorado. Há fotos da jornalista no carro onde gravou o primeiro vídeo e numa churrascaria com Bauer, sempre em clima amistoso.

300 mil para “comprar silêncio”

O valor de 50 mil citado no vídeo é compatível com o que vem sendo divulgado pelo blog Coluna Esplanada, responsável por vazar a história. Segundo as publicações, que incluem prints de conversa por WhatsApp, Patrícia negociou seu silêncio por R$ 300 mil reais, pagos em seis parcelas de R$ 50 mil. A primeira teria sido paga em espécie e parte desse dinheiro são os 20 mil apreendidos com Biazon, e que agora estão em posse da polícia.

Nas entrevistas, Patrícia Lélis sustenta que nunca pediu nem recebeu dinheiro, mas que Emerson poderia ter negociado em seu nome. Não é o que mostra o vídeo. José Carlos Carvalho, advogado dela, continua afirmando que sua cliente não recebeu nenhum dinheiro de Bauer e que os vídeos onde a jovem nega os crimes de Feliciano foram gravados “sob ameaça e em cárcere privado”.

O pastor Marco Feliciano tem evitado falar sobre o assunto. Ele publicou um vídeo no fim de semanaonde nega as acusações. Ao lado da esposa Edileusa, reiterou que a denúncia de assédio sexual é “uma grande farsa”. O PSC já anunciou que também vai processar a estudante que fez acusações contra a legenda, mas que não é capaz de provar.

 http://www.magnetoelenco.com.br/v2/Patricia_L%E9lis

 http://www.magnetoelenco.com.br/v2/pesquisa_resultado2.php?nome=patricia&form_enviado=sim






fonte: http://www.libertar.in/2016/08/policia-de-sp-indiciara-patricia-lelis.html

Como os socialistas deturpam a linguagem para conquistar corações, mentes e, é claro, o poder por Ludwig von Mises

Nota do Editor
O grande Theodore Dalrymple certa vez disse o seguinte:
Em meus estudos sobre as sociedades comunistas, cheguei à conclusão de que o propósito das propagandas feitas pelo regime não era persuadir ou convencer os cidadãos, nem tampouco informar; o propósito era humilhar.  Consequentemente, quanto menos a propaganda correspondesse à realidade, melhor.
Quando as pessoas são obrigadas a permanecer em silêncio ao mesmo tempo em que lhe contam as mais óbvias mentiras; ou, pior ainda, quando elas são forçadas a repetir elas próprias essas mentiras, perdem todo o senso de honestidade.
Consentir com mentiras óbvias faz com que você, de certa forma, se torne também uma pessoa perversa.  Qualquer resistência é erodida, e acaba sendo totalmente destruída.  Uma sociedade formada por mentirosos emasculados é fácil de ser controlada.
Se você examinar o fenômeno do politicamente correto, verá que ele possui o mesmo efeito.  Intencionalmente.
O fato é que a realidade já desmoralizou as idéias econômicas da esquerda há muito tempo (e essa desmoralização pode ser acompanhada em tempo real na Venezuela).  A esquerda sabe que essa é uma batalha que ela não tem como vencer.  E os esquerdistas mais espertos já perceberam isso há um bom tempo.  O que fizeram?  Mudaram de estratégia e encamparam uma batalha que eles realmente podem vencer: o controle da linguagem e a conquista da mente.
E eles podem vencer essa batalha porque não têm nenhuma inibição para fazer tudo aquilo que julgam necessário para vencer: mentir, manipular, trapacear, ser abertamente incoerente — nada disso está abaixo deles. 
E eles são pacientes.  Eles podem perder seguidas batalhas, ano após ano.  No entanto, enquanto as coisas estiverem caminhando para o rumo que desejam, não importa quão lentamente, eles sabem que estão vencendo.
O artigo abaixo foi extraído de um livro escrito ainda na década de 1950. Nele, Mises analisa os primórdios deste fenômeno.



Os socialistas criaram uma revolução semântica capaz de converter o significado dos termos em seu exato oposto.
No vocabulário desta "Novilíngua" — para utilizar um termo criado por George Orwell —, há, por exemplo, a expressão "o princípio do partido".  Etimologicamente, 'partido' é derivado do substantivo 'parte'.  Mas, na novilíngua, 'parte' passou a significar seu antônimo, 'o todo'.  Para os socialistas, 'parte' e 'todo' são sinônimos.
Consequentemente, quando eles se referem ao "princípio do partido", eles não estão se referindo a um partido específico ou a uma parte específica.  Eles estão se referindo a toda a sociedade sob seu comando.  Trata-se da supressão de toda e qualquer oposição.
Igualmente, 'liberdade' implica o direito de se poder escolher entre consentimento e divergência.  Porém, na novilíngua, 'liberdade' significa a obrigatoriedade de consentir incondicionalmente com os ditames socialistas.  Significa também a estrita proibição de qualquer discordância.
Essa inversão da conotação tradicional das palavras não representa apenas uma peculiaridade inocente da linguagem socialista.  Ao contrário, ela é extremamente necessária para a manutenção desse regime.  A ordem social gerada pela abolição da propriedade privada abole toda a autonomia e independência dos indivíduos, desta maneira sujeitando-os às ordens arbitrárias dos planejadores centrais.  Consequentemente, tamanha tirania e humilhação jamais teria o apoio das massas caso  não fosse camuflada por um linguajar mais sedutor.
Os socialistas jamais conseguiriam conquistar corações e mentes caso declarassem explicitamente que seu objetivo final é rebaixar todos os indivíduos à servidão. Por isso, por motivos de imagem e propaganda, os socialistas optaram pela falsa retórica de que defendem o socialismo junto com a liberdade, uma postura flagrantemente contraditória.
Já nos círculos de debate interno entre eles, a retórica é diferente.  Ali, os iniciados não dissimulam suas intenções em relação à liberdade.  Para eles, a liberdade, no passado, de fato representou uma característica positiva da sociedade burguesa, pois lhes forneceu a oportunidade de inventar e colocar em prática seus próprios esquemas.  Porém, tão logo o socialismo triunfou, não mais havia espaço para — ou mesmo necessidade de — idéias e pensamentos livres e discordantes.  Muito menos havia necessidade de se tolerar iniciativas autônomas da parte dos indivíduos.
Uma vez implantado o socialismo, qualquer mudança representaria uma intolerável perturbação no perfeito estado alcançado pela humanidade, que agora vive sob as bênçãos do socialismo.  Sob tais condições paradisíacas, seria loucura tolerar qualquer discordância.
Para os socialistas, a liberdade é um preconceito burguês. O cidadão comum não possui idéias próprias; ele não escreve livros, não promove heresias, e não inventa novos métodos de produção.  Ele simplesmente desfruta a vida.  Ele não dá valor aos intelectuais que apenas "querem o seu bem" e que ganham a vida fomentando a discórdia e a luta de classes.
Ao longo de sua carreira, Marx jamais confiou no povo e jamais acreditou que este pudesse espontaneamente exigir alterações no "arranjo burguês" e implantar o arranjo que Marx defendia.  Os trabalhadores nunca foram entusiastas do socialismo.  Eles apoiavam o movimento sindical cuja luta por maiores salários Marx desprezava como inútil. Eles pediam por todas aquelas medidas de interferência do governo nas empresas, medidas essas que Marx rotulava como tolices pequeno-burguesas.  Eles se opunham ao progresso tecnológico — nos primórdios, destruindo as novas máquinas; mais tarde, utilizando os sindicatos para, por meio da coerção, forçar o empregador a contratar mais operários do que o necessário.
O sindicalismo — a apropriação das empresas pelos trabalhadores que nela trabalham — é um programa que os trabalhadores desenvolveram espontaneamente.  Já o socialismo foi trazido para as massas por intelectuais de procedência burguesa.  Jantando e tomando vinhos conjuntamente nas luxuosas mansões londrinas e nas mansões rurais da "sociedade" vitoriana, damas e cavalheiros com trajes elegantes planejavam esquemas para converter o proletariado britânico ao credo socialista.
Como a revolução não veio espontaneamente, teve de ser imposta "pelo bem do povo".
Ao mesmo tempo em que dizem defender a liberdade, os socialistas defendem abertamente que a redução da liberdade e a submissão a seus ditames é um preço a ser pago pela obtenção de mais prosperidade.  Em sua novilíngua, "não vale a pena" ter liberdade se ela gera pobreza.  Sacrificar a liberdade com o intuito de "trazer riqueza para as massas" é plenamente justificável, dizem eles. 
Para os poucos e rebeldes individualistas que quiserem a liberdade de se recusar a aceitar os ditames socialistas, o destino será o mesmo dos camponeses ucranianos que morreram esfaimados por Stalin.
As populações que aceitaram a promessa de trocar um pouco de liberdade por um pouco mais de prosperidade ficaram sem ambas.

Ludwig von Mises  foi o reconhecido líder da Escola Austríaca de pensamento econômico, um prodigioso originador na teoria econômica e um autor prolífico.  Os escritos e palestras de Mises abarcavam teoria econômica, história, epistemologia, governo e filosofia política.  Suas contribuições à teoria econômica incluem elucidações importantes sobre a teoria quantitativa de moeda, a teoria dos ciclos econômicos, a integração da teoria monetária à teoria econômica geral, e uma demonstração de que o socialismo necessariamente é insustentável, pois é incapaz de resolver o problema do cálculo econômico.  Mises foi o primeiro estudioso a reconhecer que a economia faz parte de uma ciência maior dentro da ação humana, uma ciência que Mises chamou de "praxeologia".

fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2478

Quer matar as pessoas de fome em pleno ano de 2016? Adote o socialismo por Jeffrey Tucker



Uma das maiores façanhas da mente humana foi ter encontrado uma solução para aquele que é o maior desafio da nossa vida aqui na terra: ter o suficiente para comer. Comparado a isso, ter um teto sob o qual viver e roupas para cobrir o nosso corpo são coisas fáceis de serem obtidas: você encontra uma caverna, mata um animal, arranca sua pele e você já tem abrigo e roupa.
Por outro lado, encontrar comida sempre foi um problema diário para os seres humanos, e nunca foi resolvido definitivamente.  Mesmo no exemplo acima, o animal morto lhe garantirá um estoque para apenas um dia de comida.  Mas você precisa de muito mais do que apenas um grande estoque; você precisa criar um sistema que forneça um fluxo contínuo de alimentos.
Em 2016, pode-se dizer que finalmente já temos este sistema em funcionamento.  E ele é capaz de sustentar 7,4 bilhões de pessoas.  Ele é hoje tão robusto, que os países desenvolvidos estão enfrentando um problema oposto à fome: a obesidade, algo que, na história da evolução social, é um bom problema para se ter.
A criação desse sistema — o qual você pode vivenciar em qualquer mercearia ou quitanda do seu bairro — refutou todas as pavorosas expectativas de legiões de céticos catastrofistas do século XIX.  À época, o mundo vivenciava uma explosão demográfica.  A população crescia a um ritmo até então inimaginável.  Como essas pessoas seriam alimentadas?  A maioria dos intelectuais da época não conseguia imaginar como isso seria possível.
E, no entanto, foi possível.  Tão complexo, desenvolvido e produtivo se tornou o atual mercado global de alimentos, que a verdade é que é extremamente difícil quebrar esse sistema.  Criar uma inanição em massa em pleno ano de 2016 é algo que requer um esforço extraordinário.  É algo que requer a adoção de um abrangente sistema de coerção que ataque exatamente todas aquelas instituições que possibilitam a abundância de alimentos: a propriedade privada, a liberdade de empreender, o comércio internacional, a moeda, o sistema de preços livres, e a inovação comercial.
O socialismo ataca novamente
Infelizmente, esse sistema coercivo e destruidor existe.  Ele atende pelo nome de "socialismo".  Ele está sendo aplicado hoje em um país que outrora era rico, confortável e civilizado; um país que possui as maiores reservas de petróleo do mundo.
Sim, parece ficção.  Mas não é.  Em um país específico, ao longo de 16 anos de implacável destruição da propriedade privada, da moeda, do sistema de preços, da liberdade de empreendimento, e do comércio, tudo isso feito gradualmente em um sanguinolento passo a passo, o socialismo gerou inimagináveis cenas de sofrimento humano.
Esse país, obviamente, é a Venezuela.  Tudo começou sob o governo de Hugo Chávez e agora continua sob a regência de seu sucessor, Nicolás Maduro.  Por piores, corruptas e despóticas que fossem suas intenções, não é crível imaginar que ambos quisessem criar propositalmente o atual cenário de inanição que se vê no país.  Ao contrário, a dupla prometeu implantar todas aquelas promessas de sempre do socialismo: justiça, igualdade, liberdade, e o fim da exploração. 
No entanto, se você analisar o que está ocorrendo na Venezuela, verá a abolição de tudo aquilo que podemos chamar de 'civilização'.
Jamais conseguiria colocar em melhores palavras do que este recente artigo do The New York Times:

CUMANÁ, VENEZUELA - Com caminhões de entrega sujeitos a constantes ataques, os alimentos na Venezuela agora são transportados sob proteção de guardas armados. Soldados patrulham padarias. A polícia dispara balas de borracha em pessoas desesperadas que invadem armazéns, farmácias e açougues. Uma menina de 4 anos foi morta a tiros quando gangues lutavam por comida.
A fome está convulsionando a Venezuela.
Em Cumaná, berço de um dos heróis da independência, centenas de pessoas invadiram dias atrás um supermercado, gritando que queriam comida.  Elas quebraram uma grande porta metálica e invadiram a loja.  Roubaram água, farinha, cereais, sal, açúcar, batatas e tudo mais que encontravam, deixando para trás geladeiras quebradas e prateleiras reviradas.
E mostraram que, mesmo em um país com a maior reserva petrolífera do mundo, as pessoas podem se rebelar caso falte comida.
Só nas duas últimas semanas, mais de 50 saques, protestos e revoltas por alimentos eclodiram na Venezuela.  Inúmeros estabelecimentos foram saqueados ou destruídos. Ao menos cinco pessoas morreram. [...]
O país busca desesperadamente ter o que comer. O colapso econômico dos anos recentes deixou a Venezuela incapaz de produzir alimentos suficientes ou de importar o que precisa. Cidades estão sob vigilância militar em consequência do decreto de emergência do presidente Nicolás Maduro, o homem que Chávez escolheu para dar prosseguimento à sua revolução antes de morrer, três anos atrás.
"Se não houver comida, haverá mais rebeliões", disse Raibelis Henríquez, de 19 anos, após esperar todo o dia na fila do pão em Cumaná, onde pelo menos 22 estabelecimentos comerciais foram atacados em um único dia na semana passada.
Mas enquanto a convulsão e os tumultos se espalham pelo país alarmado, é a fome o que permanece sendo a constante fonte de inquietação.
Um assustador índice de 87% dos venezuelanos diz não ter dinheiro suficiente para comprar comida, segundo o mais recente levantamento da Universidade Simón Bolívar.
Em média, 72% do salário da população vem sendo gasto na alimentação, de acordo com o Centro de Documentação e Análise Social. Em abril, descobriu-se que uma família precisaria do equivalente a 16 salários mínimos para se alimentar adequadamente.
Pergunte a pessoas em Cumaná quando foi a última vez que fizeram uma refeição e muitos responderão que não foi naquele dia.
Entre estes estão Leidy Cordova, de 37 anos, e seus cinco filhos — Abran, Deliannys, Eliannys, Milianny e Javier Luis —, com idade entre 1 e 11 anos. Na noite de quinta-feira, toda a família não comia desde o almoço do dia anterior, quando Leidy fez uma sopa de pele de frango e gordura que conseguiu comprar mais barato no açougue.
"Meus filhos me dizem que estão com fome", disse Leidy, ante o olhar das crianças. "E tudo que posso dizer é que sorriam e aguentem."
Outras famílias se veem na situação de ter de escolher quem vai poder comer. Lucila Fonseca, de 69 anos, sofre de câncer linfático; sua filha, Vanessa Furtado, tem um tumor no cérebro. Apesar de também estar doente, Vanessa, em muitos dias, abre mão da pouca comida que tem para que a mãe não fique sem as refeições.
"Eu era muito gorda, não sou mais", disse Vanessa. "Estamos morrendo aos poucos." A mãe acrescentou: "Estamos fazendo a dieta-Maduro: sem comida, sem nada". [...]
Campos de cana-de-açúcar por todo o país estão sem cultivo por causa da falta de fertilizantes. Sem uso, máquinas agrícolas enferrujam nas fábricas estatizadas. Produtos básicos como milho e arroz, antes exportados, agora têm de ser importados e chegam em quantidades que não suprem a demanda.
Em resposta, Maduro apertou o cerco à rede de abastecimento. Usando os decretos de emergência que assinou neste ano, o presidente pôs a maior parte da distribuição sob o controle de brigadas de cidadãos leais à esquerda, medida considerada pelos críticos como reminiscente do racionamento alimentar de Cuba.
"Isso significa, em outras palavras, que se você for meu amigo, meu simpatizante, você tem comida", disse Roberto Briceño-León, diretor do Observatório da Violência Venezuelano, grupo de direitos humanos.
É uma nova realidade para Gabriel Márquez, de 24 anos, que cresceu em anos prósperos, quando a Venezuela era rica e prateleiras vazias, algo inimaginável. Ele estava parado em frente a um supermercado destruído em Cunamá, com garrafas quebradas, caixas e prateleiras espalhadas pelo chão. Algumas pessoas, entre elas um policial, reviravam os destroços à procura de algo aproveitável.
"No carnaval, fazíamos guerra de ovos", disse Gabriel. "Hoje, um ovo é como ouro."
Na pequena cidade pesqueira de Boca de Uchire, centenas de pessoas se reuniram numa ponte protestando contra a falta de alimentos. Queriam falar com o prefeito. Como ele não apareceu, saquearam um bar de chineses, estourando a porta com picaretas. Por trás da ação estava embutida a raiva à potência global que nos últimos anos emprestou bilhões de dólares à Venezuela. "Os chineses não quiseram nos vender", disse um taxista que olhava a multidão saquear. "Então, queimaram seu negócio."
Nem sempre fica claro o que provoca as rebeliões. Será apenas a fome? Ou é uma raiva mais ampla surgida num país que está desmoronando?
Inés Rodríguez não tinha certeza. Ela lembra que gritou para a multidão que queria saquear seu restaurante na quarta-feira à noite e lhes ofereceu todo o frango e o arroz que havia lá em troca de eles não quebrarem os móveis e a caixa registradora. Eles recusaram a oferta e simplesmente a empurraram para o lado e depredearam tudo, disse Rodríguez.
"Hoje vivemos o encontro da fome com o crime", disse.
Enquanto ela falava, três caminhões com guardas armados passaram, todos adornados com fotos de Chávez e Maduro.
Os caminhões carregavam comida.
"Finalmente eles chegaram aqui", disse Rodríguez. "E veja o que foi preciso para isso. Foi necessária essa revolta para conseguirmos alguma coisa para comer."
Eis alguns depoimentos contidos na reportagem:

"Tenho que sair de casa às 5 da madrugada, sob risco de ser morto, para enfrentar filas o dia inteiro e só voltar com dois ou três itens de comida", relata Jhonny Mendez.  Mendez vive em Caracas com a mulher Leida Bolivar e os filhos Yoelver Barreto, Yorver Barreto, Yoalvier Barreto.
"Estamos comendo menos porque não encontramos comida nos mercados e, quando elas estão disponíveis, as filas são infernais e não conseguimos comprar. Atualmente, não fazemos três refeições. Com sorte, conseguimos comer duas vezes ao dia", diz Victoria Mata.
"Estamos há cerca de 15 dias comendo pão com queijo ou arepa — prato típico venezuelano — com queijo. Hoje, nos alimentamos pior do que antigamente porque não se acha comida e, quando há disponibilidade, não podemos pagar", reclama Lender Perez ao lado da mulher Isamar Ramirez e dos filhos Lismar e Lucia
"Estamos nos alimentando muito mal. Por exemplo, se temos farinha de milho, comemos arepas o dia todo. Mesmo quando temos dinheiro não encontramos comida para comprar. E quando encontramos, eles são caro demais", relata Rosa Elaisa Landaez ao lado de seus filhos Albert Perez, Yeiderlin Gomez e Abel Perez
"Antes, conseguíamos comprar comida para até 15 dias. Hoje, só cobrimos nossas necessidades diárias", diz Romulo Bonalde. Ele e a mulher Maria de Bonalde têm 9 itens alimentícios na despensa de casa
"Comer se transformou em algo de luxo na Venezuela. Antes, nosso dinheiro comprava roupas e outros itens. Hoje, vai tudo em comida", aponta Yaneidy Guzman ao lado das filhas Steffany Perez, Fabiana Perez e Esneidy Ramirez.
"Somos uma família grande e está cada vez mais difícil para conseguirmos comer", diz Ricardo Mendez.
A seguir, um vídeo que faz uma compilação das rotineiras cenas de violência e de saques a estabelecimentos comerciais e a caminhões que transportam comida.




E, após a morte de um ente, as famílias enfrentam outro tormento.  Segundo essa reportagem do The Washington Post:

"Meu irmão era um homem decente", disse com tristeza Julio Andrade, enquanto esperava no necrotério de Caracas a chegada do corpo do irmão mais velho. O cadáver de Rubén Dario, de 55 anos, fora encontrado dois dias antes numa rodovia perto da cidade. Havia sido sequestrado e morto. O sofrimento da família, porém, não acabava ali. "Além da dor desta situação terrível, temos de enfrentar o preço do funeral", queixou-se Andrade.
Na Venezuela, a vida vale pouco, e morrer sai caro. Segundo o Observatório Venezuelano da Violência, houve quase 28 mil homicídios no país em 2015, dos quais 5.250 na capital. Caracas é a mais violenta das grandes cidades do mundo, segundo levantamento anual da ONG mexicana Conselho de Cidadãos para Segurança Pública e Justiça Criminal.
Num país em que a inflação galopou para 700% e a economia encolheu 10% em 2015, a população luta para pagar por comida, remédio e outras necessidades. Com a escassez de muitos produtos e uma moeda desvalorizada, tudo ficou mais caro. Enterros não são exceção.
Para organizar um funeral e sepultamento decentes, uma família precisa de pelo menos 400 mil bolívares — cerca de US$ 400 no mercado paralelo, que determina o preço de quase tudo para a maioria dos venezuelanos. A quantia é astronômica para a Venezuela, onde o salário mínimo é de 15 mil bolívares — ou US$ 15. As funerárias também enfrentam dificuldades, pois as pessoas nunca conseguem pagar a conta.
Conclusão
Algumas pessoas com frequência me perguntam por que eu sou tão passional quando o assunto é liberdade de empreendimento e livre mercado.  Veja aí a resposta prática.  Em última instância, a defesa da liberdade e do livre mercado é uma defesa da qualidade de vida na terra.  Vamos prosperar ou vamos morrer de fome?  É disso que se trata a economia.  E não é um problema abstrato.
Qualquer país do planeta é capaz de criar a fome em massa.  Tudo o que é necessário fazer é seguir o caminho da Venezuela.  Ataque a propriedade privada, persiga os empreendedores e comerciante, destrua a moeda, extinga o sistema de preços, acabe com o comércio internacional, estatize empresas, mande para a cadeia os seus opositores, e desmantele aquele sistema de liberdade natural que alimenta o mundo.
Isso é o socialismo.  É o caminho garantido para o inferno na terra.

Jeffrey Tucker é o CEO do Liberty.Me.  É também autor dos livros It's a Jetsons World: Private Miracles and Public Crimes e Bourbon for Breakfast: Living Outside the Statist Quo




fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2453